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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Faleceu "Ditão Boca Negra"

Comunico aos torcedores do nosso querido Marília Atlético Clube o falecimento do "Ditão - o Boca Negra", ocorrido no dia 26/09/2010 na cidade de Paraguaçu Paulista. Ditão nos deixa com 59 anos de idade e uma linda história do futebol paixão, dignos de herois e estrelas que não aparecem mais.
Aos familiares os nossos sentimentos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Jogadores do Passado - DITÃO "O BOCA NEGRA"

DITÃO - BOCA NEGRA.

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Ditão uma vida  cheia de glória, barreiras e superações. Um ídolo que a massa colorada apelidou como “ DITÃO BOCA NEGRA”, o símbolo do clube
Ditão uma vida cheia de glória, barreiras e superações. Um ídolo que a massa colorada apelidou como “ DITÃO BOCA NEGRA”, o símbolo do clube
Nunca me esqueci daquele sábado, quando assistia uma luta de boxe pela TV Tibagi e um dos lutadores foi à nocaute, com um direto de direita que pegou bem embaixo do queixo vibrando assim: “Nossa Senhora, o soco pareceu um chute dado pelo Ditão Boca Negra do Colorado”.
Benedito Gonçalves dos Santos, 59 anos, cresceu no bairro da Barra Funda onde  quase não teve infância: teve que trabalhar cedo para ajudar no sustento da casa e dos irmãos mais novos.  Uma vida dura, às vezes trabalhando na roça, colhendo algodão ou capinando amendoim, sempre trampando no batente pesado. Seu divertimento era jogar futebol aos domingos no campo do Cacareco, na Barra Funda. Ele estudou somente até o quarto ano primário, no grupo Escolar Alexandrina Penna  e disse que nunca se esquece dos conselhos dados por suas professoras Cacilda de Moura e a professora Ligia da Silveira Mascarenhas.
Veio sua juventude e Ditão se casou muito novo, com apenas 17 anos e, dessa união, nasceram seus 07 filhos.
A usina Nova América mantinha um time que disputava os campeonatos amadores e levou Ditão para jogar bola e trabalhar na Usina. Ditão lembra que o primeiro time profissional em que ele jogou foi o MAC da cidade de Marília. Ele se recorda que no ano de 1972 sua esposa estava enferma, internada no hospital das clínicas de Marília e, logo após a visita, para matar o tempo e para esperar o horário do ônibus, ele foi assistir ao coletivo do Marília no Estádio Bento de Abreu. Naquela ocasião o técnico era Norberto Lopes. Ditão aproveitou a aproximação do técnico no alambrado e pediu uma oportunidade. O técnico concordou e, segundo Ditão, ele agarrou a chance com unhas e dentes, tornando-se o destaque do coletivo. Naquela época o Marília tinha nomes famosos no sem plantel: Jurandir, ex-São Paulo e seleção Brasileira; Lucas; Henrique Pereira; Helinho ex-Corinthians. Após o treino, ele foi contratado pelo MAC. Esse contrato durou apenas sete meses: na véspera de um jogo importante, um  grupo de jogadores fugiu da concentração e foram para a noitada. A diretoria ao  descobrir a fuga queria que ele desse o nome de quem facilitou a saída e os nomes dos  jogadores envolvidos. A diretoria ameaçou-o dizendo que se não contasse quem eram os envolvidos ele seria mandado embora. Ditão optou em não dedar os colegas e teve o seu contrato suspenso.
Sem clube ele voltou a trabalhar e jogar na Usina Nova América. Até que, num jogo amador, estava presente um olheiro do Grêmio Catanduvense, que lhe fez uma proposta para ele jogar em  Catanduva. Ditão,  por algum tempo, foi a maior estrela do Grêmio  Catanduvense,  mas depois de algum tempo, foi contratado pelo Velo Clube de Rio Claro, isso em 1973, ficando lá até 1974.
No Velo de Rio Claro ele teve um problema grave no joelho e passou por duas cirurgias não bem sucedidas, ficando por dois anos afastado do futebol: os médicos queriam até aposentá-lo com apenas 22 anos. Segundo os médicos, ele ficaria inutilizado para o Futebol. Mas Ditão, que é um católico devoto, disse que se apegou a Deus, que era a sua única esperança, e se curou.
Algum tempo depois foi contratado pelo Independente Futebol Clube, de Limeira. Ali ele começou a recuperar a sua forma física  e foi emprestado para o Time do Sertãozinho. De lá  ele foi para o time do São Carlos - Grêmio Esportivo Sãocarlense - onde virou o ídolo da torcida. Depois foi para a União Bandeirante do Paraná e a sua boa atuação no campeonato chamou a atenção dos times grandes  da capital paranaense. Voltou ao Grêmio Esportivo Sãocarlense, que detinha o seu passe; quatro diretores de times grandes estiveram em São Carlos para tentar  contratá-lo: estiveram lá os diretores do América, de Rio Preto; Colorado, de Curitiba; União Bandeirante e do Criciúma, de Santa Catarina.
Ele acabou indo para o Colorado (hoje, Paraná Clube). Ditão conta que viveu no Colorado uma das melhores fases de sua vida esportiva; ele foi contratado como reforço para o time que não estava bem das pernas e, logo na sua estreia na série Ouro, hoje a série A do Brasileirão, contra o Joinville-SC, o lateral Caxias bateu o escanteio, a bola subiu e foi parar na cabeça de Ditão que colocou no canto direito do goleiro: pela primeira vez ele ouviu um coro de 40 mil pessoas gritando seu nome num estádio de futebol.
Ditão foi assunto na mídia do Paraguai quando, num jogo contra o Cerro Portenho, o Colorado perdeu o título por dois a um, mas os paraguaios se encantaram com o futebol de um Negão de 1, 85, cabeça raspada, 77 quilos,  e com uma habilidade incrível,  que vinha buscar bola em sua área e levava o time paranaense para o ataque, sempre perigosamente.
O apelido BOCA NEGRA foi dado pela torcida do Colorado que adotou ao seu símbolo um negro vestido de vermelho, com uma lança na mão, demonstrando garra. Ditão foi um  símbolo vivo do time.
Benedito Gonçalves dos Santos chegou a ser cotado por Telê Santana, técnico da Seleção Brasileira; em dois jogos em que ele foi ver outros jogadores, só viu o Ditão jogar.
No Maracanã, Telê Santana foi ver Roberto Dinamite e o que viu foi um show de bola dado por Ditão Boca Negra. Quando os diretores souberam da possibilidade dele ir para a seleção, mudaram totalmente o contrato dele com medo de perder o atleta e ídolo da torcida.
Uma cena hilária mostrada pela TV Colorado, ao vivo, foi quando o zagueiro Jardel, do Curitiba, chamou o árbitro da partida, abaixou o calção e mostrou a bunda, toda roxa, para o juiz. É que ele era mais alto que Ditão e cada vez que ele subia para cabecear, Ditão com as unhas grandes, o segurava no beliscão impedindo sua subida;  aí não deu outra, cartão amarelo pro negão.
Em 1981, ao terminar o Campeonato Brasileiro, Ditão foi emprestado para a Associação Desportiva Leônico, um clube de futebol de Salvador, na Bahia.
Ditão disse  guardar  mágoas muito grandes da imprensa, que noticiou, de modo distorcido os acontecimentos  do acidente que ele sofreu: cronistas esportivos e repórteres disseram que ele vinha voltando da balada quando o carro bateu.
Ditão diz que já se passaram vinte e nove anos e  ele sempre fez silêncio sobre o caso; nesta entrevista é a primeira vez que ele conta na íntegra  a um órgão da imprensa como foi o a acidente.
Ditão  disse que nunca esquecerá aquela noite de 31 de outubro do ano de 1981; chovia muito em Salvador. Ele morava em uma quitinete com um amigo e, como esse seu colega estava demorando ele resolveu pegar uma carona com um casal que era dono do apartamento onde ele morava; o rapaz era filho de um médico renomado na capital baiana. Mal sabia ele que uma grande fatalidade iria lhe marcar para o resto da vida. O casal que lhe ofereceu carona disse que ia passar em frente do hotel em que o seu time iria  se concentrar. Diante da insistência, e da demora do seu amigo, Ditão aceitou a carona do casal.  Como ele é muito alto foi-lhe proposto que ele fosse na frente, a mulher foi dirigindo e, o marido, foi  no banco de trás. Ditão foi com a garotinha de três anos, filha do casal no colo, a menininha gostava muito dele e lhe chamava  carinhosamente de “Tio Preto”. Ditão estava brincando com a menina, ela tinha seus pezinhos apoiados no painel do veículo  e trazia uma presilha  nos cabelos. De repente, veio outro veículo no sentido contrário ao deles, a motorista se apavorou e a estrada não tinha encostamento, quando Ditão viu que o carro iria bater, ele abraçou forte a criança  para protegê-la do impacto. Com a forte  batida a presilha do cabelo entrou num dos olhos do Ditão, perfurando-o. A batida foi tão forte  que os dois carros formaram um tipo de pirâmide no meio da avenida em Salvador e o marido dela, que estava no banco traseiro, teve morte instantânea.
O Ditão desmaiou e foi colocado na grama ao lado da pista dado como morto, coberto por jornais. Quando ele recobrou o sentido e se levantou, os guardas levaram um grande susto. Ditão, também assustado, perguntou o que estava acontecendo e os guardas disseram: ”você tem condições de identificar quantas pessoas estavam  no veículo?”, ao que Ditão respondeu:  “Estávamos em quatro pessoas, três adultos e uma criança” o guarda assustado perguntou: “Onde está a criança?.”
Foi uma cena horrível, que jamais se apagará de sua memória:  o  guarda com a lanterna entrou por baixo da lataria retorcida e encontrou  a menina, que  estava entre as ferragens, desacordada, com uma das pernas torcida, o calcanhar estava sob a nuca da criança.
Ditão ficou vários dias na UTI e lá ficou sabendo que o rapaz havia morrido na hora e que sua esposa falecera alguns dias depois no hospital. No acidente ele perdeu a visão de um dos olhos.
Ditão foi técnico do Paraguaçuense por algumas temporadas e hoje ele mora em São Paulo. Sempre vem a Paraguaçu visitar Dona Cida, sua mãe.
Ditão ainda é lembrado em Curitiba como o símbolo do Colorado e os torcedores dizem que ele ficará para sempre em suas lembranças.
Ditão quando foi campeão pelo Velo Clube
Ditão quando foi campeão pelo Velo Clube
Ditão ao Lado de Junior ex- Flamengo e Seleção  Brasileira
Ditão ao Lado de Junior ex- Flamengo e Seleção Brasileira

Fonte : Folha da Estância.

É con tristeza que comunico o falecimento do nosso querido "Ditão Boca Negra", ocorrido no último dia 26 de Setembro de 2010, na cidade de Paraguaçu Paulista. Ditão nos deixa com 59 anos e vítima de cancer, seu exemplo de amor ao futebol, carater como ser homem nos faz crer num mundo melhor.
Ditão = SAUDADES DOS TORCEDORES DO MARÍLIA.